Fachada Vinícola Salton - Foto: Glauco Umbelino (Licença-cc-by-sa-2.0) |
Em 1870, na Itália, chegava ao fim o movimento de unificação do país, onde as formas feudais são substituídas pelo capitalismo moderno. Mas antes, em 1855, o governo italiano institui altos impostos, endividando os pobres que perderam as terras para o governo ou para os proprietários maiores, também chamados de senhores, lembrando o feudalismo. O excesso de população aliado à doenças endêmicas e ao horror à guerra e ao serviço militar, deixaram o povo italiano sem perspectivas de melhorar sua própria qualidade de vida. A solução encontrada na época para uma vida mais digna era emigrar.
No final do século XIX, enquanto havia excesso de população na Europa, o Brasil modificou sua política de mão-de-obra e de terras. A maior parte do território brasileiro estava desabitada e sofria com a carência de mão-de-obra livre. Com o processo imigratório, o Brasil teria seus problemas resolvidos pela substituição da mão-de-obra escrava na lavoura e pelo povoamento de áreas desocupadas, com ênfase ao desenvolvimento agrícola das regiões do sul do Brasil. O território do Rio Grande do Sul ficou definido após três séculos e meio da chegada dos portugueses e espanhóis. Pela ausência de recursos naturais do antigo sistema colonial, o Rio Grande do Sul ficou 50 anos isolado dos interesses tanto de Portugal quanto da Espanha.
Os jesuítas tiveram fundamental importância no desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O comércio na região do Rio da Prata beneficiou as nações europeias, enquanto que a pecuária e a extração da erva-mate foram decisivas no processo de povoamento. Com a Revolução Farroupilha entre os anos de 1835 e 1845, ocorre o encerramento da imigração, que reinicia de forma contínua em 1875 com a chegada da imigração italiana para a Encosta Superior do Nordeste, originando as colônias Dona Isabel, Conde D’Eu e Caxias.
Até 1870, a região onde hoje está cidade de Bento Gonçalves chamava-se Cruzinha. Neste ano o governo da província, desejando ampliar a área de colonização, criou a colônia de Dona Isabel, a qual contava com a abrangência de 32 léguas quadradas. Ao chegarem à colônia, os imigrantes eram recebidos por uma comissão de terras, que dividiam as terras disponíveis entre os imigrantes. Eles eram alojados em barracões e se alimentavam de caça, pesca, frutos silvestres e do pouco que era fornecido pelo governo até se instalarem em seus lotes rurais. Ao se instalarem, iniciavam uma agricultura de subsistência, representada pelo cultivo de milho, trigo e videira.
As primeiras indústrias artesanais, com características domésticas e utilização somente de mão-de-obra familiar, assim como o comércio de troca e venda de produtos, surgiram com a produção de excedentes agrícolas e com a criação de animais. A troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estreitas trilhas, demarcadas pelos próprios imigrantes. Os primeiros imigrantes oriundos do norte da Itália chegaram a Bento Gonçalves, então colônia Dona Isabel, no dia 24 de dezembro de 1875. Ocuparam uma esplanada onde hoje localiza-se a Igreja Cristo Rei, onde ficaram aguardando a distribuição das terras.