Parque eólico localizado em Palma - Foto: Rafael Drake (Licença-cc-by-sa-2.5) |
Por volta de 1904, Aníbal Wirmond comprou da União, em Palmas, uma era considerada imensa. Consta que para pagá-la foi preciso recolher todo o dinheiro que havia em circulação em Palmas e Guarapuava. De posse da área, Aníbal achou por bem doar aos índios errantes uma parte de sua fazenda. A daoção seria de três mil alqueires, a uma distância de sete quilômetros da cidade. Ali os índios passaram a residir fixamente, e a cidade ficou livre dos problemas de segurança, assalto, roubos e bebedeiras e badernas, pois os índios moravam em baixo de pontes, abrigos, como os moradores de rua hoje. Na década de 60, a área dos índios foi oficialmente reconhecida e demarcada pela Funai e passou ser conhecida como Reserva Indígena Fioravante. A área ocupada pelos caingangues era coberta por pinheiros, imbuias e outras maneiras de lei. Hoje não existe mais nada nessa rerserva.
Sobrevivendo de artesanatos ou da misericórdia dos vizinhos brancos, sempre houve em todo o período grande harmonia e companheirismos entre índios e brancos. Ocorre em 2001 chegou em Palmas uma comissão formada pelos Ministérios da Justiça, Agricultora, da Funai, Incra e por antropólogos e depois de levantamentos, estudos e análises, fotografias e entrevistas com índios, a Comissão concluiu que falavam na reserva indígena cerca de 300 alqueires, da área oficialmente demarcada. Isto teria acontecido por confusão de divisas. A divisa oficial seria o Rio dos Engenhos e os brancos, como é o relacionamento entre índios e não índios, passaram a respeitar o Rio Lontras.
Nessa faixa entre um rio e outro estaria à parte que falta à reserva indígena, terras habitadas e colonizadas há quatro gerações pelos brancos, através de compra e venda ou por inventario, partilha. Nunca se pensou que alguém estaria invadindo ou trabalhando sobre área da União. Vivia-se, trabalhava-se, plantava-se e se colhia com a maior tranqüilidade e respeito entre índios e agricultores. Índios e brancos sempre tiveram como certeza a exatidão das divisas. Nunca houve conflito ou qualquer contestação.
Ocorre que a Comissão considerou os atuais proprietários (todos têm matrícula no cartório de registro de imóveis de Palmas) invasores de terras indígenas. Com essa classificação eles só têm direito a indenização pelas benfeitorias. As terras não são indenizáveis porque, segundo a comissão, foram invadidas. Sou uma das família que tiveram suas terras e casas tomadas pelos índios caingangues no final da semana passada. São 23 alqueires recebidos de herança pelo falecimento de meu sogro José Bonifácio Guimarães de Andrade. Nela mantenho uma casa de empregado (que foi invadida pelos índios e expulso o casal que lá morava) para atender a propriedade e uma lavoura de pinus de 20 mil pés e cercas de arame farpado.
Constituída pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a Comissão avaliou tudo por 12 mil reais que receberia no prazo máximo de três anos, mas até hoje não recebi nada. Não há nenhuma comunicação oficial sobre o que pode estar acontecendo na área burocrática ou nos escalões de Brasília. À época, membros da Comissão informaram-me que a conclusão do processo se daria em três anos e a partir de julho de 2001, nenhuma benfeitoria feita seria indenizada e a venda de qualquer área caracterizaria juridicamente de 'fraude'.