Foto: Gileno Clério |
A cidade tem na figura do Padre Cícero Romão Batista um marco na construção da religiosidade, da cultura do seu povo e acontecimentos políticos do Cariri. Quando o sacerdote chegou em abril de 1872, cavalgando num jumento, era apenas um arraial com algumas poucas casas de tijolos e uma rústica capela. Graças a ele, Juazeiro é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo 1,5 milhão de fiéis por ano os quais vêm reverenciar Nossa Senhora das Dores e Padre Cícero que introduziu uma política de fé, amor e trabalho, tornando-se um mito para o povo nordestino. Nas romarias, a cidade se transforma em um centro de devoção com missas, bênçãos, procissões, novenas, peregrinações e visitações, além de extraordinário mercado de artesanato regional e artigos religiosos.
Recentemente, Juazeiro comemorou a passagem de 100 anos da sua emancipação política como a terceira cidade do Ceará após deixar de ser um mero povoado pertencente ao Crato. Tudo começou durante uma missa em março de 1889 quando Padre Cícero ministrava a comunhão aos fiéis. Ao colocar a hóstia na boca da beata Maria de Araújo, esta se transformou em sangue. O fato se repetiu por diversas vezes durante cerca de dois anos, sendo logo atribuído pelos fiéis como um milagre.
Levas de católicos passaram a visitar o povoado em busca dos conselhos e da benção do “Padim Ciço”. O vilarejo foi crescendo com a abertura de novas ruas e a construção de casas tudo no entorno da fé popular. Surgiam os pequenos negócios com melhores perspectivas e o Padre Cícero sempre aconselhando: “em cada casa um santuário e em cada quintal uma oficina”. Os espaços sagrado e econômico se entrelaçaram com o trabalho e a fé caminhando juntos a ponto de servir como alicerce para o desenvolvimento de Juazeiro.