Desfiles das escolas de Samba no Sambódromo - Foto: Alan Batensley (Licença: Dominio Público) |
No final dos anos 1920 o Brasil buscava criar uma identidade capaz de diferenciá-lo dentro da nova ordem mundial estabelecida após a Primeira Grande Guerra. O conceito de negritude se destacava mundialmente valorizando as produções culturais negras como a Arte africana e o jazz. A festa carnavalesca e o novo ritmo de base negra recém surgido, o samba, seriam as bases para a formulação de um sentido de brasilidade. A valorização do samba e da negritude acabariam aumentando o interesse da intelectualidade nos novos 'grupos de samba' que surgiam nos morros cariocas. Esse grupos passaria a se apresentar 'no asfalto', ou seja, longe dos guetos dos morros, sendo chamados de escolas de samba.
Tratados, inicialmente, como uma espécie de curiosidade 'folclórica', esses grupos foram, pouco a pouco, cativando a sociedade carioca com seu ritmo marcado, com a sonoridade inesperada de suas cabrochas e com os temas populares de suas letras. Luma de Oliveira, como Rainha de Bateria da Caprichosos de Pilares. Foi uma das mais polêmicas e populares rainhas de bateria do carnaval carioca.
Mantidas por décadas como elementos secundário da folia carnavalesca carioca, as escolas de samba adquiririam grande proeminência a partir da década de 1950, com a incorporação da classe média aos desfiles, consequência da aproximação entre as escolas e intelectuais de esquerda. A partir daí elas galgariam os degraus do sucesso até se tornarem o grande evento carnavalesco nacional.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.
Das escolas mais populares, figuram, entre outras: União da Ilha do Governador, Portela, Estação Primeira de Mangueira, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos de Vila Isabel, Viradouro, Imperatriz Leopoldinense, Unidos da Tijuca, Acadêmicos do Grande Rio e Império Serrano.
A Era Joãosinho Trinta
Um dos mais emblemáticos e, provavelmente, o mais polêmico carnavalesco brasileiro, foi dono de uma trajetória que se iniciou quando seu nome artístico ainda se escrevia com “z”. Estreou no carnaval carioca na década de 60, no Salgueiro, onde conquistou dois títulos. Deixou o Salgueiro e foi para a Beija-Flor de Nilópolis onde estrou para a história dos desfiles de Escola de Samba introduzindo elementos inéditos em carros alegóricos e nas fantasias, como o tão usado esplendor.
Ganhou um tricampeonato 1976 a 1978 pela escola de Nilópolis, tirando a hegemonia das 4 grandes (Portela, Império, Salgueiro e Mangueira). Seu maior e melhor desfile foi em 1989 com o enredo 'Ratos e urubus, larguem minha fantasia', que teve a polêmica do cristo coberto por ordem judicial. No pano da cobertura tinha escrito 'MESMO PROIBIDO OLHAI POR NÓS'. Inovou em 2001, pela Acadêmicos do Grande Rio, onde fora mostrado algo jamais visto no Carnaval: o americano Eric Scott levanta voo em plena avenida, numa ousadia impactante que maravilhava os espectadores.
Com tecnologia importada da NASA, o fato ficou marcado na história do carnaval. Joãosinho arrebatou, ao todo, 11 títulos do carnaval carioca. É dono da célebre frase 'O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual'.
A Era Paulo Barros
Paulo Barros, até então desconhecido do público, surge para o carnaval nos anos 2000, trazendo os impactantes 'carros vivos' (alegorias formadas por pessoas executando coreografias) e torna-se famoso com os surpreendentes desfiles da Unidos da Tijuca. Após anos conseguindo apenas o vice-campeonato, o carnavalesco, enfim, é campeão com o enredo “É segredo”, da escola Tijucana. A comissão de frente, que trocava de roupa na Sapucaí, fora o grande destaque do carnaval campeão do ano de 2010. Desde então, Paulo Barros assume o posto de carnavalesco-sensação dos desfiles.
Influência ao redor do mundo
Tendo como berço a cidade do Rio de Janeiro, os desfiles de escolas de samba ganharam fama internacional ao longo do tempo e se espalharam por vários países, passando a ocorrer em lugares como a Argentina e a Finlândia.