Avenida Assis Chateaubriand - Foto: Georgez - (Licença cc-by-sa-3.0) |
Principais Ruas Históricas de Belo Horizonte
Ruas Jacuí, Padre Eustáquio, Platina e Itapecerica foram construídas aproveitando parte do traçado das estradas que ligavam arraial de Curral del Rey a povoados. A Rua Itapecerica, na Lagoinha, ainda mantém parte da estrada que levava a Venda Nova (que começou a ser povoada em 1711) e continuava até Diamantina, à época chamada de Arraial do Tejuco. Borsagli explica que a Lagoinha começou a ser povoada com os imigrantes – italianos e libaneses – que chegaram para a construção da capital.
Uma imagem garimpada por Borsagli no Arquivo Público de Belo Horizonte mostra trecho da Itapecerica onde carroças, cavalos e um solitário automóvel são emoldurados por uma paisagem quase rural. As duas casas mostradas ali permanecem preservadas. Uma delas é um antiquário e a construção é de 1910, segundo o gerente do estabelecimento, Harley Langa. O acervo do antiquário é de 100 mil itens, que vão de miudezas até uma imponente cristaleira Chipandelle, da época da foto. O preço da relíquia: R$ 2,7 mil.
As estradas são de uma época anterior à ditadura do automóvel. Com a massificação do transporte e a construção de complexos viários, como o da Lagoinha, a função das estradas foi substituída por avenidas maiores, como a Antônio Carlos, a Pedro II e a Pedro I, que fazem atualmente a ligação ao Vetor Norte. A Rua Padre Eustáquio, ressalta Borsagli, era chamada de Estrada de Contagem ou Rua da Contagem e ligava a capital à cidade vizinha. “Na região ficava a Colônia Agrícola Carlos Prates, que foi anexada à zona chamada de suburbana em 1910”, detalha Borsagli.
Outra antiga estrada que deixou marcas em uma rua do presente é a Estrada do Matadouro, que tem parte do traçado preservado pela Rua Jacuí. A via era acesso ao matadouro, localizado onde é o Bairro São Paulo, e ao curtume, no atual Bairro Ipiranga, na Região Nordeste da capital. Depois, a via seguia até chegar à tricentenária Santa Luzia.
Rua da Bahia
Decantada em prosa e verso – como na famosa frase do compositor mineiro Rômulo Paes, “A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta”, gravada no metal de um monumento, a via despertou o interesse e a atenção de boêmios, literários e artistas.
O poeta Carlos Drummond de Andrade dizia que a Rua da Bahia era a mais mineira das vias públicas, carregada de um ar de importância que até “irritava” as demais ruas de Belo Horizonte. O principal motivo era seu valor cultural, já que desde o início do século era referência de comércio, ponto de encontro da boemia e via de acesso à política da capital. A rua nasceu para ligar o centro comercial(Praça da Estação) ao administrativo(Praça da Liberdade).
Em um traçado geométrico, que sobe magro e reto, Bahia afora, após ser retalhada por 17 ruas e 3 importantes avenidas, a via abriga 36 construções tombadas pelo Patrimônio Municipal. Em seu percurso de aproximadamente 3 quilômetros, corta ruas como Tupinambás, Carijós e Tamoios, o Viaduto de Santa Tereza e Avenida Afonso Pena. Ela sempre esteve presente na planta oficial da capital, projetada pelo engenheiro Aarão Reis, entre 1894 e 1897. Seu nome é uma homenagem ao Estado da Bahia.