Festival Indígena Yawa - Foto: Sergio Vale (Sucom-AC) |
Uma festa indígena que celebra e resgata tradições de etnias do Acre. Em 2002, como parte da luta pela revitalização da cultura, massacrada pela colonização do passado, reuniram o povo na aldeia Nova Esperança e durante uma semana relembram suas danças, seus cantos, brincadeiras, comidas tradicionais e seus rituais.
Em Mutum, os yawanawás mantêm um grande bosque medicinal - o Nii Pey - com mais de 5.000 espécies da flora amazônica e se apresenta como portal ao festival, que atrai a atenção de turistas de vários países. O primeiro Festival Yawa foi realizado em junho de 2002 e neste ano, só no primeiro dia, recebeu visitantes dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile e Austrália. O cacique Vernon Foster Lakota, do Arizona, representou os índios norte-americanos na festa.
O Festival Yawa reúne representantes de pelo menos cinco grupos indígenas do Acre e Mato Grosso, além de cerca de 700 yawanawás. O evento celebra o reencontro dos povos na cerimônia Nukuyra Nuruná, em que os índios relembram como viviam seus antepassados. O Festival Yawa é realizado na Aldeia Nova Esperança, no Alto Rio Gregório, em Tarauacá, no Acre.
Durante o Festival acontecem várias atividades como: danças do mariri, rodadas de músicas antigas, histórias de antigamente, muitas brincadeiras da tradição indígena e rituais de Uni e Humê (cipó e rapé) com os pajés Yawanawa.
Também como parte da programação, no Festival são servidas comidas da Culinária Tradicional Yawanawá, exposições dos Artesanatos da aldeia e Pinturas Corporais com os Kenes Yawanawás.
É ainda durante o festival que é promovido o intercâmbio entre outros povos e seus convidados, onde são cedidos espaços para que façam apresentações com suas músicas e danças.
Breve história dos Yawanawás
Os primeiros contatos dos Yawanawás com os não indígenas foram com os seringalistas, por volta do início do século XX, quando estes foram explorar a borracha na Amazônia.
Durante um longo período, mais de três décadas, os Yawanawás foram forçados a conviver com todo tipo de abuso dos seringalistas e mais tarde dos missionários, da Missão Novas Tribos do Brasil, os quais tinham o propósito de “evangelizar” os indígenas.
Pelos patrões seringalistas eles foram escravizados, tendo que realizar todo tipo de serviço que o sistema seringalista exigia. Pelos missionários eles foram submetidos à pratica da religião cristã que à época, considerava-se as práticas espirituais dos índios manifestações do demônio.
Durante um extenso período os Yawanawás sofreram as influências de outros universos culturais, como também, dispersão das famílias, com casamentos interétnicos, entre índios e brancos e muitas famílias vivendo fora da aldeia.
A partir de 1984, após anos de escravidão e muitas lutas, os Yawanawás reconquistaram parte de seus territórios e a demarcação da terra, com apoio da Fundação Nacional do Índio - FUNAI.
Foi a partir daí que retomaram os seus direitos como povo, retirando os missionários de suas terras e dando início a revitalização de sua cultura, sua língua, guardada na memória de seus parentes mais velhos.
Outra conquista importante foi o direito a educação escolar diferenciada, com formação também diferenciada de professores Yawanawás. Essa conquista os incentivaram a revitalizar seus conhecimentos tradicionais e manter viva a memória ancestral do povo Yawanawá. Os Pajés ou líderes espirituais também se empenharam na missão de ensinar aos jovens da aldeia a educação tradicional Yawanawá.