Panorâmica da Praia de Copacabana depois do Pão de Açúcar - Foto- Jvandeburie |
O agravamento da violência no Rio de Janeiro durante a crise financeira pela qual passa o Estado com atraso nos salários de agentes de segurança pode afetar o turismo na principal temporada do ano, o verão. A avaliação é de Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Rio de Janeiro).
Segundo ele, a repercussão internacional da queda de um helicóptero na Cidade de Deus, no último sábado (19), aliada a possíveis novos casos de violência, tem potencial para afastar turistas, principalmente os estrangeiros. Lopes explica que a tomada de decisão desses turistas para a vinda no Réveillon e no mês de janeiro acontece agora e, 'se você tem esse clima de guerra aqui, a pessoa não vem'.
— Vamos ter uma alta temporada muito ruim, caso a gente continue a ter esses episódios de violência urbana em sequência. O Rio teve exposição positiva durante Olimpíadas. Agora que era a hora de colher esses frutos é muito decepcionante que isto esteja acontecendo.
Lopes ainda lembrou de outros dois casos ocorridos na região da orla de Copacabana — os confrontos na Pavão-Pavãozinho que resultaram em mortes na comunidade e um arrastão que acabou com dezenas de detidos na zona sul durante a Paralimpíada.
— Agora esse episódio [queda de helicóptero e chacina na Cidade de Deus] que ganhou o mundo. É uma comunidade conhecida mundialmente, pelo filme. As pessoas começam a se sentir inseguras e ninguém vai para um lugar com risco de tiro.
Por enquanto, o setor hoteleiro trabalha para o Ano-Novo com expectativa semelhante à do ano passado: 85% de ocupação, sendo de 30% a 35% de turistas estrangeiros.
Já em relação ao turista brasileiro, Lopes diz que a tomada de decisão para uma viagem nacional costuma ocorrer de véspera e que esse turista já está mais acostumado com a violência nas grandes cidades brasileiras. O impacto da crise financeira do Estado, com problemas de infraestrutura em hospitais e delegacias, também pode levar esse turista a repensar a escolha da cidade.
Para Lopes, o Rio precisa de ajuda federal neste momento. Ele classificou como importante um maior reforço da Força Nacional na capital e ainda ressaltou a importância do turismo para o Rio à medida que gera empregos e arrecada impostos.
— Parece que a gente está retrocedendo tudo o que a gente conseguiu conquistar.
Ele prevê que o Rio feche este ano com ocupação média de 65%, mesmo nível verificado em 2015. Lopes pondera, contudo, que essa manutenção só deve ocorrer em razão do movimento durante as Olimpíadas, uma vez que a base de comparação cresceu para 58 mil quartos.
A crise econômica no País e no mundo também já afeta o turismo no Rio de Janeiro. O presidente da ABIH-RJ cita que o evento Rio Oil & Gas, da indústria petrolífera, já contou com 500 participantes a menos em novembro passado em relação ao ano anterior.
Fonte: R7