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Altos encargos deixam os cruzeiros mais caros no Brasil

 17/05/2017  |  Postado por: Ramon Andrade
Terminal de passageiros marítimos de Salvador - Foto: Lucas Bernardo
Terminal de passageiros marítimos de Salvador - Foto: Lucas Bernardo

Hoje para fazer um cruzeiro de sete noites pela costa brasileira, não sai por menos de 1.400 dólares (R$ 4.200), por passageiro, enquanto na Europa, Ásia, dentre outros, pode-se fazer por 300 dólares (R$ 900)

O setor tem um enorme potencial no Brasil. Os cruzeiros estão na moda e caíram definitivamente no gosto dos brasileiros. É comprovadamente um segmento que cresceu subitamente nos últimos anos, com a chegada de novos navios e com variados roteiros. A partir do crescimento do mercado de cruzeiros no Brasil, a oferta por esse serviço se transformou em facilidades com preços acessíveis e excelentes condições de pagamento.

Contudo, para sustentar crescimentos ainda maiores, a infraestrutura portuária brasileira está aquém do que se espera, precisando ser melhorada e muito. Os portos brasileiros ainda são carentes de infraestrutura ideal para receber grandes transatlânticos. Hoje, os terminais de passageiros com maiores condições se encontram nos portos de Santos,  Rio de Janeiro e Salvador, mas é necessário ampliá-los para grandes balneários pelo Brasil, principalmente no nordeste. Entretanto, é necessário um grande empenho do poder público nas três esferas (municipal, estadual e federal), além de parcerias público-privadas que também devem colaborar com o desenvolvimento do turismo marítimo brasileiro.

Esse problema da infraestrutura  já apresenta sintomas interessantes de evolução como é o caso dos novos e modernos terminais de Salvador e Rio de Janeiro,  inaugurados recentemente. Tudo bem, sabemos que não se constrói um terminal da noite para o dia. O importante é que está mais do que claro o quadro de necessidades urgentes do setor.

Outros gargalos na infraestrutura portuária, consistem  na falta de regulamentação do setor, que acaba acarretando altos custos para as armadoras, como se não bastasse, ainda existe a burocracia, que é vista como um problema estrutural do país com restrição de vistos para tripulantes, cujo encargo vai para a empresa armadora, como também, para o visto dos tripulantes de plataformas, por exemplo. 

Além de impostos estupidamente excessivos. A falta de visão, interesse e de profissionalismo nos órgãos do setor turístico tem ajudado nas  dificuldades para a continuidade do crescimento desse setor. Infelizmente, é calamitosa a estrutura portuária do Brasil.

Já em países concorrentes, como no Oriente Médio e na Ásia, estão oferecendo condições extremamente melhores para as empresas, onde um dos navios que navegava por aqui durante uma temporada, foi para Dubai em razão dos benefícios fiscais oferecidos.  

Hoje para fazer um cruzeiro de sete noites pela costa brasileira, não sai por menos de 1.400 dólares (R$ 4.200), por passageiro, enquanto na Europa, Ásia, dentre outros, pode-se fazer por 300 dólares . Essa enorme diferença é justamente o peso dos excessivos encargos brasileiros, dificultando assim, que milhões de outros brasileiros, realizem um dos maiores sonhos de consumo do turismo.

A infraestrutura portuária brasileira deveria receber investimentos efetivamente sólidos, para que o setor continue com o crescimento como o dos últimos anos e não chegue à estagnação.

A importância do setor de cruzeiros para o turismo e a economia nacional

Os navios de cruzeiro são sem sombra de dúvidas, verdadeiras cidades flutuantes e como em toda cidade, sua população, necessita consumir produtos como, alimentos e bebidas. Isso acarreta num impacto indireto extremamente alto na economia local, pois avalie quantos milhares de abacaxis, melancias, laranjas, etc  não devem ser vendidos para um navio com roteiros distintos  numa temporada de cinco meses? Como também,  os cruzeiros trazem turistas que gastam com táxis, ônibus de turismo local e geram uma demanda de guias turísticos.

“É uma cadeia produtiva incrivelmente muito extensa, não dá para enumerá-los, considerando-se que esses navios levam turistas a diversas cidades onde eles descem para comprar lembranças dentre outros gastos para consumo. Não são tão somente os turistas, bem como, os tripulantes que saem  do navio conforme seu dia de folga. Além dessa injeção de recursos na economia, um outro fato importante é, como o navio fica aportado geralmente um dia em cada cidade, isso acaba valendo como uma degustação para o turista visitante retornar ao local novamente e, por mais tempo, o que é um incentivo ao turismo.

Mais do que um visitante que vai passar um ou dois dias na cidade, o turista de cruzeiros marítimos é visto pelos gestores do setor turístico como um impulsionador da economia local e indicativo de novos negócios. Segundo dados de uma dessas empresas, ela estima que, juntando a despesa dela com a dos hóspedes, o impacto econômico no Brasil é em cerca de  mais de R$ 1 bilhão de reais numa só temporada. Esse setor passa a ganhar ainda mais importância devido às altas taxas de crescimento confirmadas nos últimos anos.

Mesmo com um litoral restrito, o Brasil tem enorme potencial de consumo com passageiros que visam buscar experiências novas e adquirir através de compras, novos produtos.  Em comparação às outras áreas de turismo, o maior nível de crescimento dos cruzeiros se deve à participação praticamente inexistente desse mercado em anos passados. Sendo assim, houve uma acentuada solidificação de sua importante parcela para a economia do Brasil.

Apostas no mercado brasileiro:

Segundo afirma Marco Ferraz, presidente da Associação Abremar “O setor de Cruzeiros Marítimos ainda enfrenta queda e o tema principal do trabalho feito pela CLIA ABREMAR é o ganho de competitividade para que o Brasil atraia os Armadores”,. Entre as atividades que a ABREMAR vem fazendo, está o debate entre o Governo, Legislativo, Judiciário e Fornecedores na busca por um ambiente com segurança jurídica, custos e impostos similares aos encontrados em outros países. “Queremos que o país suba no ranking dos Cruzeiros novamente”, completa Marco.

Na última temporada 2016/2017, a penas esses  navios estiveram na costa Brasileira: Costa Fascinosa, Costa Pacifica; MSC Musica, MSC Orchestra, MSC Preziosa; Pullmantur Sovereign; e Norwegian Sun.

Veja o que dizem as principais armadoras do mundo:

A Royal Caribbean ignora as projeções de estagnação do mercado de cruzeiros marítimos  e, apesar da movimentação  de retirada de navio das frotas concorrentes, o mercado de cruzeiros marítimos pode até estagnar daqui para frente, mas ainda há empresas que esperam crescimento e, melhor que isso,  apostam no Brasil.

A MSC Cruzeiros na dianteira do mercado desfrutou anos de expansão e, a empresa não se preocupa apenas com números. Há algo subjetivo para o qual a MSC volta sua atenção: a satisfação dos seus hóspedes. E, nesse quesito, somente a sofisticação oferecida nos navios e a eficiência na qualidade do atendimento garantem a credibilidade da empresa e a fidelização dos clientes. Não é a toa que, já há alguns anos, a MSC Cruzeiros se mantém na liderança do mercado de cruzeiros no Brasil e no mundo.

O Costa Cruzeiros, acredita  que se os resultados animam, não há porque diminuir o investimento. Este é o pensamento de empresas que, ano após ano, conseguem bons resultados, justamente porque investem. E nesse grupo podemos encontrar a Costa Cruzeiros, que considera o mercado brasileiro próspero.

Injeção de 1,911 bilhão  no Brasil  entre 2015/2016
O Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido da CLIA BRASIL (Cruise Lines International Association) revelou que, durante a temporada 2015/2016 – com início em novembro de 2015 e término em abril de 2016, os impactos totais – tanto os gastos diretos e indiretos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes, atingiram a marca de R$ 1,911 bilhão.

O levantamento ainda mostrou que os mais de 552 mil hóspedes – 0,5% a mais que a temporada 2014/2015,  que embarcaram em viagens de navio na temporada deixaram, juntamente com os tripulantes, R$ 1,113 bilão.  O maior volume de gastos se divide entre os setores de alimentos e bebidas, transporte, passeios turísticos, souvenir e presentes em geral.

Final
O potencial do Brasil é  imenso, então não há como acreditar que estamos no lugar que merecemos, posicionado no quinto lugar no mercado mundial de cruzeiros”. As empresas aqui mencionadas, são unânimes ao sustentar que o país pode ser o segundo maior, ou eventualmente até o primeiro. Só que isso, somente acontecerá no dia em que os investimentos forem direcionados para esse setor tão importante do turismo e o governo rever os excessivos encargos, já que deseja se aproximar de países de primeiro mundo. “Mas o Brasil está se movendo, vamos acreditar e esperar!”

Ramon Andrade

Por: Ramon Andrade
Salvador / BA
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