Canhão na Fortaleza de Sagres - Foto: lacobrigo (Licença-cc-by-sa-3.0) |
Fortes em Boa Vista
Forte de São Joaquim do Rio Branco
Ergueu-se na margem esquerda da confluência do alto rio Branco (atual rio Uraricoera) com o rio Tacutu, onde se forma o rio Branco, a cerca de 32 quilômetros ao norte da atual capital, Boa Vista.
No contexto da ameaça das entradas holandesas oriundas do Suriname, via fluvial, para comércio e apresamento de indígenas na região, que se estenderam de 1750 a 1780, a Provisão Régia de 14 de novembro de 1752 determinou ao governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1751–1759).
Uma ação efetiva só foi adotada pela Coroa portuguesa a partir de 1775, quando Nikolas Hartsman, desertor holandês oriundo de Essequibo, chegou a Barcelos, sede da Capitania de São José do Rio Negro, com notícias de um estabelecimento espanhol no Rio Branco. Esse estabelecimento remontava a expedições efetuadas nos anos de 1771–1773, em busca da lendária Serra Dourada do lago Parima, que expedições portuguesas anteriores já haviam descartado.
O dado mais importante era o de que os espanhóis, enviados oficialmente pelo governo da Guiana espanhola (Venezuela) com o fim declarado de anexação da região, estavam aquartelados no rio Uraricoera, tendo já formado no curso do mesmo, dois aldeamentos indígenas, o de Santa Rosa e o de São João Batista de Caya-Caya.
Frente a essa ameaça concreta no alto rio Branco, que desarticulava toda a estratégia tático-defensiva portuguesa na bacia amazônica, no mesmo ano, uma tropa de guerra foi formada e enviada para dar combate aos espanhóis, sob o comando do Capitão de Engenheiros Phillip Sturm, com ordens de expulsá-los e de iniciar a construção de uma fortaleza, bem como de promover o aldeamento de indígenas na região.
Dessa forma, entre os anos de 1775 (SOUZA, 1885:58) e 1776 iniciou-se finalmente a construção do Forte de São Joaquim dominando estratégicamente, do ponto de formação do rio Branco, o acesso ao rio Tacutu e ao rio Uraricoera, afastando definitivamente as ameaças de invasão espanhola ou holandesa por aquela via.
Empregando a mão de obra de indígenas tomados aos espanhóis como presa de guerra, e de outros, aldeados para o serviço da fortaleza (eram cinco as aldeias computadas em 1777), ela foi concluída em 1778. Ficou guarnecido por 30 soldados e por milicianos indígenas.
A fortificação foi visitada pela expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783–1792), dela existindo iconografia (Prospecto da Fortaleza de S. Joachim; Planta da Fortaleza de S. Joachim; Planta da Capela e Residência do Capelão do Forte de São Joachim. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro). Na primeira estão retratados a estrutura do forte — onde sobressaem os telhados do Quartel de Comando e do Quartel de Tropa ao abrigo do terrapleno —, e o aldeamento anexo (FERREIRA, 1971. Pranchas 67, 68 e 69[2] ).
Data desta época, ainda, a 'Planta, Perfil e Prospecto do Forte de S. Joachim do Rio Branco, tirada no anno de 1787 pelo Cel. Eng. José Sarmento de Carvalho.', no Arquivo Histórico do Exército (AHEx), no Rio de Janeiro.
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