Cortejo Lavagem do Bomfim - Foto: Tatiana Azeviche (Setur-Ba) |
As baianas despejam seus vasos com água de cheiro no adro da igreja e sobre as cabeças dos fiéis, num ritual de fé e esperança. Na sequência de festejos, destaca-se a Lavagem do Bonfim, uma quilométrica procissão, com todos vestidos de branco, entre a igreja da Conceição da Praia e a do Bonfim, no alto da Colina Sagrada. Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas participam da procissão. As baianas, que abrem o cortejo, despejam seus vasos com água de cheiro no adro da igreja e sobre as cabeças dos fiéis, num ritual de fé e esperança.
A lavagem da Igreja teve início em 1773, quando os integrantes da 'irmandade dos devotos leigos' obrigaram os escravos a lavarem a Igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim. Posteriormente, para os adeptos do candomblé, a lavagem da igreja do Senhor do Bonfim passou a ser parte da cerimônia das Águas de Oxalá. A Arquidiocese de Salvador, então, proibiu a lavagem na parte interna do templo e transferiu o ritual para as escadarias e o adro.
Durante a tradicional lavagem, as portas da Igreja permanecem fechadas e as baianas despejam água de cheiro nos degraus e no adro, ao som de toques e cânticos de caráter afro-religioso (embora atualmente o ritual se revista de um perfil ecumênico), que ocorre na quinta-feira que antecede festa e conta com grande participação do povo, que chega em carroças enfeitadas, e das tradicionais baianas, com seus vasos com água de cheiro.
A lavagem festiva acontece com a saída, pela manhã da quinta-feira, do tradicional cortejo de baianas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, o qual segue a pé até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e água de cheiro as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim.
Todos se vestem de branco, a cor do orixá, e percorrem 8 km em procissão, desde o largo da Conceição até o largo do Bonfim. O ponto alto da festa ocorre quando as escadarias da igreja são lavadas por cerca de 200 baianas vestidas a caráter que, de suas 'quartinhas' - vasos, que trazem aos ombros - despejam água nas escadarias e no átrio da igreja, ao som de palmas, toque de atabaque e cânticos de origem africana. Terminada a parte religiosa, a festa continua no largo do Bonfim, com batucadas, danças e barracas de bebidas e comidas típicas.
No domingo seguinte à lavagem, os devotos se reúnem na Igreja dos Mares para a procissão dos Três Pedidos, que percorre o largo de Roma em direção ao Bonfim. Na chegada à Colina do Bonfim, os fiéis dão três voltas em torno da Basílica, fazendo três pedidos. Uma pregação, bem como uma missa solene e a benção do Santíssimo Sacramento encerram os festejos
Data móvel: 2° quinta-feira de janeiro depois do Dia de Reis
Acontece em: Salvador