Lavagem de Itapoan - Foto: Lúcio Távora (Agencia A Tarde) |
Realizada desde o século XIX a Festa de Itapuã nasceu da devoção dos pescadores a Nossa Senhora da Purificação e por isso era celebrada originalmente em 2 de fevereiro; mais tarde, a partir da década de 30, passou a ser realizada como devoção à Nossa Senhora da Conceição de Itapuã em data móvel, na quinta feira que antecede o Carnaval. O registro mais antigo do evento é de 1898, uma nota de jornal que descreve a Chegança, dança de mouros e divertimentos como o tradicional quebra-potes.
O jornal informava: “em vista de não haver transporte para aquele aprazível lugar e o dia ser de grande concorrência a Companhia Baiana resolveu dar vapores para lá pelo diminuto preço de 500 reis por ida e volta”.
Era por tanto uma festa acessível ao público apenas pelo mar e assim foi até a definitiva abertura da Avenida Oceânica na década de 40. Há um detalhe que cabe aqui ressaltar em relação aos primórdios deste evento: ocorria uma romaria de pescadores com oferendas a Iemanjá e que antecedeu em alguns anos à oferenda das Festas do Rio Vermelho. Tradição que, soube, é mantida até hoje, sem o mesmo destaque. O naufrágio de um barco com 50 pessoas à bordo, ocorrido na Romaria dos Pescadores de 1983, praticamente esvaziou o evento que deixou de ser realizado pelo menos oficialmente.
A festa completou 110 anos em 2015 e todos os anos reúne pescadores, baianas, ciclistas, capoeiristas e cavaleiros, em um misto de festa religiosa e lúdica. A manifestação religiosa que homenageia Nossa Senhora da Conceição e Iemanjá que tem início às 2h da madrugada, ao som do Bando Anunciador, formado por uma banda de sopro e percussão que percorre as ruas do bairro.
No evento também é realizada a lavagem das escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na praça Dorival Caymmi. O ritual começou há mais de 27 anos, com Dona Niçu, antiga moradora do bairro que, depois de comemorar e agradecer a padroeira de Itapuã, oferecia um café da manhã à comunidade. O café da manhã atualmente é mantido em memória à antiga moradora, morta há 10 anos.