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Trio Elétrico 1930 à 1959

Trio Elétrico de 1930 à 1959 (A Fobica de Dodô e Osmar) - Foto/Reprodução: Divulgação
Trio Elétrico de 1930 à 1959 (A Fobica de Dodô e Osmar) - Foto/Reprodução: Divulgação

'O Trio Elétrico, com seu som antropofágico, vai carnavalizando tudo. Desde os populares mais clássicos, até os clássicos mais populares.' (Caetano Veloso)

Década de 30
Existia em Salvador um conjunto musical, criado por Dorival Caymmi, que animava algumas festas e reuniões de fim de semana, e que se apresentava nas estações de rádio. Começava, então, a fazer sucesso na Bahia o grupo Três e Meio, cujos integrantes eram o próprio Caymmi, Alberto Costa, Zezinho Rodrigues e Adolfo Nascimento – o Dodô. Em 1938, com a saída de Caymmi, o grupo reestruturou-se e passou a contar com sete componentes, incluindo Osmar Macêdo.

1942
Em apresentação na cidade de Salvador, o violonista clássico Benedito Chaves (RJ) mostrou pela primeira vez ao público local um 'violão eletrizado'. Dodô e Osmar, ávidos em conhecer tal instrumento, foram assistir ao show no cine Guarani e ficaram extremamente entusiasmados. Embora fosse um violão comum, importado e com um captador inserido à sua boca, o instrumento era muito primitivo e possuía microfonia. Dodô, porém, incansável na busca da superação deste problema, construiu em poucos dias um violão igualzinho ao de Benedito Chaves para ele, e um cavaquinho para Osmar. Apesar da microfonia persistir, os dois uniram-se mais uma vez para formar a 'Dupla Elétrica' e começaram a se apresentar em diversos lugares.

Num determinado dia, Dodô resolveu esticar uma corda de violão sobre a sua bancada de trabalho e prendê-la nas extremidades; sob a corda, colocou um microfone preso à bancada. Quando a dupla ligou o microfone, algo inacreditável aconteceu um som limpo, que parecia até o de um sino. Estava, então, descoberto o princípio e logo foi possível perceber que o 'cêpo maciço' evitava o fenômeno da microfonia – e assim, com o nome de pau elétrico, nasceu a guitarra baiana.

1943/49
A dupla elétrica passou, então, a tocar em clubes, festas e bailes, com seus próprios instrumentos.

1951
Na quarta-feira anterior ao Carnaval, o famoso 'Clube Carnavalesco Vassourinhas do Recife', com 150 componentes, apresentou-se em Salvador com metais, alguma madeira e pouca percussão. Na manhã do dia seguinte à apresentação dos pernambucanos, Dodô e Osmar começaram a trabalhar no projeto de construção do que viria a ser o 'trio tlétrico'. Osmar, proprietário de uma oficina mecânica, retirou do galpão um Ford 1929, conhecido como 'Fobica', e iniciou o processo de decoração pintando em todo o veículo vários círculos coloridos como se fossem confetes e confeccionou em compensado, no formato de violão, duas placas com os dizeres 'Dupla Elétrica'.

Dodô, com formação em radiotecnia, decidiu montar uma 'fonte' que, ligada à corrente de uma bateria de automóvel, iria alimentar a carga para o funcionamento dos alto-falantes instalados na fobica (onde eles se apresentariam com os seus 'Paus Elétricos'). Em pleno domingo de Carnaval, a dupla subiu a ladeira da montanha em direção à Praça Castro Alves e Rua Chile, por volta das 16 horas, e arrastou milhares de pessoas. Dodô e Osmar, em cima da fobica decorada e eletronicamente equipada, fizeram, assim, sua primeira aparição como os inventores do trio elétrico.

A dupla resolveu convidar o amigo e músico Temístocles Aragão para formar o que se chamaria de trio elétrico. O nome foi ganhando fama, fazendo com que, nos anos seguintes, as pessoas ouvissem o som eletrizante e dissessem: 'Lá vem o trio elétrico'.

1952
A fábrica de refrigerantes 'Fratelli Vita' decidiu patrocinar o trio elétrico de Dodô e Osmar e a dupla abandonou a velha fobica e passou para um veículo grande, colocando nele oito alto-falantes, corrente elétrica de geradores e iluminação com lâmpadas fluorescentes. O patrocínio permaneceu até 1957 – época em que o trio elétrico de Dodô e Osmar apresentava-se nas ruas centrais de Salvador e animava carnavais fora de época no interior do Estado.

1953/58
Surgiram, então, novos trios elétricos tocando em cima de caminhonetes como o Ypiranga, Cinco Irmãos, Conjunto Atlas, Jacaré (posteriormente chamado de Saborosa) e o Paturi ( Feira de Santana/BA.)

1956
Surge o conjunto musical Tapajós (montado em uma caminhonete), primeiro seguidor e grande responsável pelo fato do trio elétrico, como estrutura física, ter se mantido e se expandido como fenômeno carnavalesco.

1957
O trio elétrico Tapajós anima o Carnaval no Subúrbio Ferroviário.

1958
O trio elétrico Dodô e Osmar ganhou o patrocínio da Prefeitura Municipal de Salvador.

1959
A convite do governador de Pernambuco, o Trio Elétrico de Dodô e Osmar saiu pela primeira vez da Bahia para tocar no Carnaval de Recife, sob o patrocínio da 'Coca-Cola'.

 

Trio Elétrico de 1930 à 1959 (A Fobica de Dodô e Osmar) - Foto/Reprodução: Divulgação
Trio Elétrico de 1930 à 1959 (A Fobica de Dodô e Osmar) - Foto/Reprodução: Divulgação
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