Década de 1980 (Trio do Chiclete com Bloco Camaleão) - Foto/Reprodução: A Tarde |
No início dos anos 80, a transformação do Carnaval de Salvador se intensificou mais ainda e coube ao bloco 'Traz Os Montes' introduzir algumas inovações, tais como a montagem de um trio elétrico com equipamentos transistorizados, instalação de ar condicionado para refrigerar e manter os equipamentos em temperatura suportável, retirada das bocas de alto-falantes, instalação de caixas de som de forma retangular, eliminação da tradicional percussão que ficava nas partes laterais do trio e inserção de uma banda com bateria, cantor e outros músicos em cima do caminhão.
Em 1981, o bloco Eva, surgido em 1980 e considerado uma das entidades mais irreverentes e inovadoras do Carnaval, decidiu radicalizar ainda mais do que o 'Traz Os Montes' e contratou engenheiros para assinar o cálculo estrutural do novo trio e de todo o sistema de sonorização que importou dos Estados Unidos (como uma nova mesa de som e vários periféricos necessários para o perfeito funcionamento do trio e da banda). Assim, o Eva fez com que os outros blocos fossem obrigados a investir também em seus trios.
O público e a crítica passaram a notar claramente a diferença gritante entre os seus equipamentos e os demais, assim como a qualidade dos cantores e das bandas. Neste mesmo ano o Governador da Bahia assina o Decreto nº 27.811, que determina a suspensão do expediente nas repartições públicas na sexta-feira da semana anterior ao carnaval.
Um ano depois, registrou-se a presença de tanta gente nas ruas de Salvador que os tradicionais freqüentadores da Praça Castro Alves (intelectuais, profissionais liberais e travestis) ficaram irritadíssimos com a invasão do tradicional reduto liberal. Neste ano, a mortalha começou a desaparecer como indumentária carnavalesca, tendo como opção o short, bermuda ou macacão.
No Carnaval de 1983, apareceram algo em torno de 30 a 40 ritmos novos. Em 1988 pela primeira vez, um bloco afro de grande porte, o Olodum, desfila na Barra. O ano da comemoração alusiva ao centenário da abolição da escravatura no Brasil, cujo o tema foi 'Bahia de Todas as Áfricas'.