Foto: Rita Barreto - Setur-Ba (Licença: cc-by-sa-3.0) |
A história de Bom Jesus da Lapa - primeira grande cidade às margens do rio São Francisco, quando este penetra em território baiano - está diretamente ligada ao santuário, principal razão da prosperidade local. Lapa recebe todos os anos, entre julho e setembro, a visita de mais de 700 mil pessoas que, em romaria, pedem e agradecem graças alcançadas. O santuário de Bom Jesus da Lapa, uma verdadeira igreja, fica em uma das 15 grutas existentes no Morro da Lapa, descoberta no século 17 por um monge.
A romaria em louvor a Nossa Senhora da Soledade e sua festa, celebrada a 17 de setembro, encerra este ciclo de fé e penitência pelo sertão da Bahia, que vem desde o século XVII. Naquela época a gruta começou a ser visitada por quantos desciam ou subiam o São Francisco, de gaiola, pela população móvel do ciclo da mineração e pelos romeiros, que até hoje chegam em caminhões 'paus-de-arara'. Até hoje a cidade cresce em torno do penhasco ou 'lapa', onde está o santuário, já possui uma população de cerca de 80 mil pessoas, que sobe para 800 mil na época das romarias.
A cidade santuário surgiu no século 17, quando o português Francisco de Mendonça Mar, depois de trabalhar no ofício de ourives em Salvador, mudou seu nome para Francisco da Soledade e atravessou o sertão da Bahia, vestido com um grosso burel (antigo hábito de frade). Em terras do Conde da Ponte, Francisco fez de uma gruta próxima ao rio São Francisco a sua ermida, em meio aos índios e habitantes da região. A fama de sua vida espalhou-se. Chamado a Salvador pelo arcebispo, o penitente estudou e ordenou-se sacerdote, voltando ao santuário como capelão. Está sepultado ao lado do altar-mor, em local conhecido como 'Cova do Monge'.