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História de Macapá
Artesanato - Foto: Márcia do Carmo
Artesanato - Foto: Márcia do Carmo

Macapá, capital do Amapá, fica situada na latitude 00° 02' 18.84' N e longitude 51° 03' 59.10' O. A toponímia é de origem tupi, como uma variação de 'macapaba', que quer dizer lugar de muitas bacabas, uma palmeira nativa da região, a bacabeira, de nome científico Oenocarpus bacaba Mart. Antes de ter o nome de Macapá, o primeiro nome concedido oficialmente às terras da cidade foi Adelantado de Nueva Andaluzia, em 1544, por Carlos V de Espanha, numa concessão a Francisco de Orellana, navegador espanhol que esteve na região.

A história de Macapá se prende à defesa e à fortificação das fronteiras do Brasil Colônia, quando estabelecido um destacamento militar, criado em 1738. Posteriormente, na Praça São Sebastião (atual praça Veiga Cabral), a 4 de fevereiro de 1758, foi levantado o Pelourinho, na presença do Capitão General do Estado do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, fundando a Vila de São José de Macapá. A partir de então, foram surgindo edificações, até hoje preservadas, que constituem em verdadeiro patrimônio cultural, como a Fortaleza de São José de Macapá, uma das sete maravilhas brasileiras.

A antiga Intendência de Macapá, hoje em dia, é o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. A data da inauguração deste prédio foi 15 de novembro de 1895, quando Coriolano Jucá era Intendente. O edifício, em estilo neoclássico, foi usado desde o período de Vila até o extinto Território Federal do Amapá, ornado com esculturas e figuras antropomorfas que representam as artes e a indústria. As pilhas, louvres e vasos foram confeccionados na arte da faiança em Portugal em 1932. Foi restaurado para abrigar a Prefeitura de Macapá, tendo como interventor do estado do Pará o major Magalhães Barata e como prefeito o também major Eliezer Levy.

A igreja de São José de Macapá é um marco histórico, cuja construção foi iniciada em 1752, seis anos antes da criação oficial da Vila de São José de Macapá. A igreja matriz foi inaugurada em 5 de março de 1761, sendo o Padre Joaquim Pair o seu primeiro vigário. A imagem original do padroeiro São José, esculpida em madeira, tem 35 cm de altura, sendo considerada uma das relíquias sacras mais importantes do Estado. Nas paredes, os quadros do Padre Lino retratam uma passagem bíblica. As pinturas: do lado esquerdo de quem adentra pela entrada principal está 'Os Desterrados' ou fuga para o Egito; à direita está 'São José Carpinteiro e o Menino Jesus'. Já houve um período em que a paróquia ficou sem vigário por 40 anos. Em 1904, o padre Francisco Hiller e o intendente coronel Teodoro Mendes restauraram a igreja.

A Escola de 1º Grau Barão do Rio Branco foi a primeira escola em alvenaria de Macapá, tendo sido inaugurada em 13 de setembro de 1946, pelo governo do Território Federal do Amapá na gestão do capitão Janary Nunes. Nesta escola também funcionou o 1º cinema de Macapá, o ex-Cine Territorial. As máquinas não foram mais usadas e tudo está no mais completo abandono. Outros prédios, como o Mercado Central, o Hospital de Especialidades e a Maternidade Mãe Luzia também fazem parte de antigas construções das décadas de 1940, 50 e 60.

O Trapiche Eliezer Levy é uma homenagem ao então prefeito Eliezer Levy, que, na época, recebeu recursos do Interventor do Pará, Magalhães Barata, para execução da obra. Durante muito tempo foi o ponto de chegada e saída da cidade. Inspirou poetas como Alcy Araújo, que foi chamado de 'Poeta do Cais'. Antes do trapiche, as embarcações aportavam na chamada Pedra do Guindaste, onde hoje está a imagem de São José. Na última reforma, o trapiche recebeu uma estrutura de concreto, onde funciona um restaurante e um bondinho para transportar os frequentadores. As embarcações aportam em outros lugares, tais como o 'igarapé das mulheres' e as rampas em frente ao bairro Santa Inês, próximo do centro comercial. O Trapiche Eliezer Levy, com 472 metros de comprimento, é uma das atrações turísticas da cidade.

Litígio com a França
No início do século XVIII, Francisco Xavier de Mendonça Furtado foi enviado pelo governo português para a direção do Extremo Norte com o fim de solucionar o problema de fortificação do Cabo Norte, então denominado Costa do Macapá, pois a coroa portuguesa vivia temerosa de ataque dos corsários franceses. Em 1836, os franceses estabeleceram um efêmero posto militar na margem do lago Amapá, abandonado graças à intervenção britânica. Em 1841, Brasil e França concordaram em neutralizar o Amapá até a solução da pendência. No entanto, todas as conversações posteriores (1842, 1844, 1855, 1857) fracassaram. Só vingou uma declaração de 1862 sobre a competência comum para julgar os criminosos do território.

Estados da República em 1889
Em 1853, o senador Cândido Mendes de Almeida propôs a criação da província de Oiapóquia. As populações locais também pleitearam a medida em sucessivos memoriais (1859, 1870), sempre sem resultado. Em 1886 uma república francesa independente foi criada na região do Cunani, entre o Caciporé e o Calçoene. Para seu presidente, elegeu-se o aventureiro Jules Gros, que instalou o governo em seu apartamento em Paris, nomeou o ministério e criou uma ordem honorífica, a Estrela do Cunani, que lhe deu grandes lucros.

O próprio governo francês encarregou-se, em 1887, de liquidar essa república, que ressurgiria por breve período em 1901 com o nome de Estado Livre de Cunani, sob a chefia de outro aventureiro, Adolphe Brezet, que também se intitulava duque de Brezet e de Beaufort e visconde de São João.
'O Marquês de Pombal expulsando os jesuítas' (Louis-Michel van Loo e Claude-Joseph Vernet, 1766).

Com a Proclamação da República no Brasil a situação na região fronteiriça ficou caótica. Seus habitantes elegeram, então, um triunvirato governativo (1894): Francisco Xavier da Veiga Cabral, chamado o Cabralzinho, cônego Domingos Maltês e Desidério Antônio Coelho. Os franceses nomearam capitão-governador do Amapá o preto velho Trajano, cuja prisão provocou a intervenção militar da Guiana. A canhoneira Bengali, sob o comando do capitão Lunier, desembarcou um contingente de 300 homens e houve luta. Lunier foi morto com 33 dos seus. França e Brasil assinaram um tratado de arbitragem (1897).

O barão do Rio Branco, vitorioso dois anos antes na questão de limites com a Argentina, foi encarregado (1898) de defender a posição brasileira perante o conselho federal suíço, escolhido como tribunal arbitral. Em 5 de abril de 1899, Rio Branco entregou sua 'Memória apresentada pelos Estados Unidos do Brasil à Confederação Suíça', e, em 6 de dezembro do mesmo, ano uma segunda memória, em resposta aos argumentos franceses. Como anexo, apresentou o trabalho de Joaquim Caetano da Silva 'O Oiapoque e o Amazonas', de 1861, em que se louvava e que constituía valioso subsídio ao estudo da matéria. Reunidos, os documentos formavam cinco volumes e incluíam um atlas com 86 mapas. A sentença, de 1º de dezembro de 1900, redigida pelo conselheiro federal coronel Edouard Müller, deu a vitória ao Brasil, que incorporou, a seu território, 260 000 quilômetros quadrados.

Século XX à contemporaneidade
O presidente da República, Getúlio Vargas, a partir do decreto-lei nº 5 812, estabelece a criação dos territórios federais, dentre eles, o território do Amapá. Com o Decreto-Lei nº 6 550, a capital (que até então era o município de Amapá) passa a ser Macapá. O desenvolvimento da cidade foi lento no inicio do século XX, porém a intensa migração trouxe pessoas de várias partes da nação em busca de melhorias de vida. Os principais fatores foram os investimentos do governo federal em construção civil e a garimpagem por volta das décadas de 1970 e 1980. Na última década, o crescimento populacional da cidade foi de 40,45%.

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