Captanias Hereditárias (Brasil Colonia) |
Durante três décadas ficou ela esquecida, empenhado o rei D. Manuel I em dilatar suas conquistas no Oriente. Seu antecessor, D. João II, compreendeu a urgência de promover a colonização, visto que seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil à cobiça de Holandeses, Franceses, Ingleses e Espanhois. Dividiu o território em 15 capitanias hereditárias, confiando as do norte (as que aqui nos interessam) a João de Barros e Fernando Álvares de Andrade que, associando-se a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado.
Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro. 'Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil' (Eduardo Bueno, 'Capitães do Brasil')
A capitania de João de Barros (intelectual, autor da 'História da Índia' e'Décadas da Ásia') não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos sobreviventes do naufrágio, gente 'que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores, assim refere o chantre da Sé de Évora, Manuel Severino de Faria, e o comprova Antônio Galvão, nos seus 'Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531', segundo José de Sousa Gaioso, em 'Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão'.
Quanto à Nazaré, se de facto existiu, não vingou; Bernardo Pereira de Berredo, nos 'Anais Históricos do Estado do Maranhão', estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa.
O segundo donatário do Maranhão, Luis de Melo e Silva, não foi mais feliz e, enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil, âmbar etc., com os índios.