Afoxé Filhos de Gandhy - Foto: Rafael Nedermeyer AE/-AP |
Pode ser definido como uma brincadeira de forma, conteúdo e comportamento específicos, pois os seus membros-foliões estão vinculados a um terreiro de candomblé, unidos por uma religião, pelo uso da língua, da dança, do ritmo e dos códigos de origem nagô. A palavra “afoxé” significa adivinhação, profecia ou predição do futuro.
Esta manifestação folclórica se caracteriza sobretudo pela figura central – o babalawô ou baba-oni-awô - o pai conhecedor do futuro, dos destinos, iniciado nos mistérios do jogo oracular, acompanhado de seus “ajudantes”, em torno dos quais se desenvolve toda a atividade lúdica do grupo. Os participantes usam roupas de cetim e algumas filhas de santo, vestidas de baiana, conduzem um estandarte. O centro de profundo interesse do afoxé é a boneca preta – babalotim – bordada no estandarte.
Os membros cantam em língua nagô e costumam ser muito aplaudidos pelo público. O mais famoso afoxé da Bahia é o “Filhos de Gandhy”.
O que é Afoxé?
É um cortejo de rua que tradicionalmente em desfile carnavalesco, reúne um grande número de afro-descendentes, religiosos e simpatizantes dando-lhes a oportunidade de relembrar a cultura, os aspectos místicos e mágicos de seus ancestrais. Já conhecido nacionalmente, vem a cada dia crescendo e criando fama. A força desses blocos esta na cultura negra, na beleza e plasticidade de sua harmonia. Culturalmente, eles representam a força viva da negritude fazendo ecoar o seu grito de liberdade.
O afoxé, conhecido também como candomblé de rua, foi criado em 1949 no Estado de Salvador Bahia, com o propósito de preservar valores e características de “africanidade” As cores e símbolos dos afoxés possuem significados específicos dentro dos preceitos religiosos, dando continuidade não somente entre o passado e o presente mas também entre o reino dos deuses e o reino dos homens. Está na língua iorubá a fórmula verbal para se entender o significado da palavra afoxé:
a, prefixo nominal;
fo, verbo- pronunciar, dizer;
xé, realizar-se, verificar-se
A fórmula revela-se na tradução literal de Antônio Risério, segundo a qual afoxé quer dizer: a enunciação que faz (alguma coisa) acontecer. Risério cita Olabiyi Yai, para quem afoxé, 'em iorubá, significa, pois, encantamento, palavra eficaz, operante'. Propõe Risério uma tradução mais poética: afoxé seria, então: 'a fala que faz'.
Instrumentos Musicais
Afoxé (ou Agbê) - Cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas. O agbê é percutido agitando-se a rede, que fricciona no corpo da cabaça.
Atabaques - São basicamente de três tipos, com três tamanhos diferentes que em conjunto traduzem o som do ijexá, tocado no afoxé atualmente.
Agogô - Formado por duas campânulas de metal, com sonoridades diferentes. O agogô é quem dita o ritmo aos demais instrumentos.
VOCAL:
As melodias entoadas nos cortejos dos afoxés, afirma Raul Lody - são praticamente as mesmas cantigas ou orôs entoados nos terreiros afro-brasileiros que seguem a linha jexá. E acrescenta: 'os orôs são puxados em solo e em seguida repetidos por todos, inclusive pelos instrumentistas. Geralmente quem realiza o solo é uma pessoa de status elevado dentro do grupo'.
Afoxé, longe de ser, como muita gente imagina, apenas um bloco carnavalesco, tem profunda vinculação com as manifestações religiosas dos terreiros de candomblé, 'já que seus praticantes estão fundamentalmente ligados ao culto dos orixás', como declara o antropólogo Raul Lody. Vem daí o fato de chamar-se o afoxé, muitas vezes, de 'Candomblé de rua'. Inclusive por homenagear um orixá, geralmente, o orixá da casa de candomblé a que pertence
Onde assistir: Salvador, Santo Amaro, Cachoeira, Itaparica, Mata de São João, Nazaré das Farinhas, Itacaré, Ilhéus, Itabuna e Camamu.