Península de Maraú - Barra Grande - Foto: Tatiana Azeviche |
A importância da cidade de Maraú em séculos passados se revela hoje nos prédios de arquitetura antiga, inclusive alguns com características de estilo e gosto portugueses do século XVIII. Da mesma forma que Camamu e outras cidades do Recôncavo Baiano, a área urbana se desenvolveu em partes alta e baixa, no estuário de Maraú, também na Baía de Camamu.
Na segunda metade do século XIX, o Reino Unido ganhou uma concorrência para instalar, às margens do Rio Maraú, a usina John Grant (que virou “João Branco” na linguagem popular local), com todos os requisitos de uma refinaria de querosene, onde a Companhia Internacional de Maraú fabricava velas de espermacete, sabão, ácido sulfúrico e papel encerado para acondicionar alimentos.
A usina custou 600 mil libras à Coroa Inglesa, empregou 500 operários e tinha até uma estrada de ferro interna, por onde rodavam duas locomotivas. Hoje, na localidade de João Branco, ainda restam as ruínas da fábrica e os trilhos da ferrovia.
O funcionamento dessa usina fez surgir até o chamado “dinheiro de Maraú”. É que, a pretexto das dificuldades de troca, a Companhia Internacional de Maraú vinha imprimindo em Londres dinheiro circulante (os vales-cédulas), que era uma manobra para obtenção de lucro fácil, pois essas cédulas se estragavam ou eram perdidas e não voltavam a ser resgatadas. Só depois de uns 30 anos, em 1920, é que o Ministério da Fazenda brasileiro pôs fim a essa prática do “dinheiro de Maraú”. Hoje, os vales-cédulas remanescentes viraram peças valiosas, que se encontram com colecionadores e que valem centenas de vezes os valores impressos.