Panorâmica da Baía - Foto: Rogério Almeida |
Às margens da terceira maior baía do país (só superada pela Baía de Todos os Santos e pela Baía de Guanabara) e com 440 anos de existência, Camamu é uma das mais antigas cidades brasileiras, nascida de uma aldeia de índios tupiniquins em 1560, catequizados pelos jesuítas, que ali ergueram a capela de Nossa Senhora da Assunção de Macamamu. A criação da vila em 1565 juntamente com as de Cairu e Boipeba deveu-se ao segundo donatário da capitania de Ilhéus Lucas Giraldes.
Camamu chegou a ser a segunda cidade mais importante da Bahia e o maior exportador de farinha de mandioca do país. O naturalista Von Martius no início do século XIX disse sobre Camamu: “este lugar é sem dúvida o mais importante e o mais populoso da costa da Bahia, ao sul da Capital. Conta-se na vila para mais de 6.000 pessoas, havendo proporcionalmente muitos brancos e poucos índios”. Dotada de um mirante em sua parte alta e situada defronte de uma baía repleta de manguezais, segundo uma lenda local curupira com seus pés voltados para trás, já fez mais de uma pessoa perder a orientação dentro do mangue. Se você passar algum tempo caminhando entre as raízes aéreas do manguezal entenderá o porquê da crença. A cidade possui um rico patrimônio arquitetônico e urbanístico, além de uma das maiores igrejas do interior do Estado, a matriz de Nossa Senhora da Assunção, do século XVIII.
Na parte alta da cidade fica também a igreja de São Benedito (1839), onde residiram os jesuítas e na qual dizem que existe um túnel fazendo uma interligação com um casarão do outro lado da rua, que era utilizado na época dos ataques holandeses. Destaca-se ainda a igreja de Nossa Senhora do Desterro, construída provavelmente em 1670, com sua cúpula nervurada de base quadrada, uma reminiscência gótica. São comuns na cidade sobrados com portas e janelas com cercaduras do tipo Maria I.
Segundo o inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia IPAC-BA, “Em Camamu, devido às condições do sítio, muito acidentado, surge, ainda, no século XVIII, um tipo de habitação muito particular, que se poderia chamar de sobrado invertido. São residências, muitas vezes com sótão, com acesso por uma rua elevada e dois ou mais porões abertos para a encosta. Quando na esquina, tais porões se articulam diretamente com a rua e têm funções independentes da residência”. Na zona rural há belas casas de fazendas e engenhos.