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Historia de Paris
Basilica de Sacre Cur- Foto: Tonchino (Licença-cc-by-sa-3.0)
Basilica de Sacre Cur- Foto: Tonchino (Licença-cc-by-sa-3.0)

O primeiro povoamento conhecido de Paris é da cultura chasseana (entre 4 000 e 3 800 a.C.), sobre a margem esquerda dum antigo braço do Sena dentro do 12º arrondissement de Paris. A presença humana lá parece ter sido contínua durante o Neolítico. Os restos duma aldeia no Bairro Administrativo de Bercy, parte do 12º arrondissement, foram recuperados e datados por volta de 400 a.C. — notavelmente uma embarcação presa nos lamaçais que lá na época havia e atualmente exposta no Museu Carnavalet. Fora disto, a falta de dados caracteriza o conhecimento do período desde a dita ocupação pré-histórica até a época galo-romana. A única certeza é de que os Parísios são os mestres da região quando chegam as tropas de César, em 52 a.C., que a renomeiam como Lutetia (Lutécia). Os Parísios haviam-se submetido a Vercingetórix para lutar contra os invasores romanos, porém sem sucesso. Ainda não se sabe com precisão onde ficava o assentamento gaulês: île de la Cité (hipótese hoje muito desacreditada), île Saint-Louis, ou alguma outra ilha que hoje se acha anexada à margem esquerda do Sena, ou até mesmo Nanterre.

A cidade romana foi construída, segundo um mapa de grade ortogonal datado do século I, sobre a margem esquerda. Lutécia, como a chamavam os romanos, provavelmente não tendo mais que cinco a seis mil habitantes em seu apogeu, não era mais que uma vila modesta do mundo romano. Compare-se ela com Lugduno, capital das três Gálias (uma das quais a Gália Lugdunense , que englobava a região da Lutécia), que contava, no século II, com 50 000 a 80 000 habitantes.  Mesmo assim, Lutécia contava com um fórum, palácios, banhos, templos, teatros, e um anfiteatro. O rei Clóvis I fez de Paris a capital do Reino dos Francos por volta de 506. Aí ela permanece até pelo menos o início do século VII. No século VI, a Igreja de Saint-Gervais é o primeiro lugar de culto implantado sobre a margem direita — sinal de que a cidade se expande.

Os Vikings, chegando em seus dracares de mínimo deslocamento, pilham pela primeira vez em 845 a cidade abandonada por seus habitantes. As suas incursões se prolongam até o início do século X, e os seus assaltos só se mitigaram com o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte concluído em 911. Os Capetos, que reinam a partir de 987, preferem Orléans a Paris, uma das duas grandes vilas do seu domínio pessoal. Hugo Capeto, apesar da sua residência na île de la Cité, lá pouco se delonga. Roberto o Pio a visita com muita frequência. A cidade se torna um importante centro de ensino religioso desde o século XI. O poder real se fixa progressivamente em Paris, que volta a ser a capital do reino, a partir de Luís VI (1108-1137) e mais ainda sob Filipe Augusto (1179–1223), que a cercou com uma muralha.

A Renascença, marcadamente presente na corte real residente no Vale do Loira, consequentemente não beneficia muito Paris. Apesar do seu afastamento, a monarquia se inquieta com a expansão desordenada da cidade. A primeira regulamentação urbanística é decretada em 1500 a propósito da nova ponte de Notre-Dame, sobre a qual se construíram casas uniformes de tijolo e pedra com o estilo Luís XII. Em 1528, Francisco I fixa oficialmente a sua residência em Paris. A irradiação intelectual cresce: ao ensino universitário (teologia e artes liberais) se ajunta um ensino moderno voltado para o humanismo e as ciências exatas segundo os desejos do rei, no Collège de France. Sob o seu reino, Paris atinge a marca de 280 000 habitantes e permanece como a maior cidade do ocidente.

É em Versalhes que começa a Revolução Francesa com a convocação dos Estados Gerais e depois com o Juramento do Jogo da Péla. Mas a crise económica (em especial, o preço do pão), a sensibilidade aos problemas políticos nascida da filosofia iluminista, e o rancor por ter o poder real abandonado a cidade por mais de um século, dão aos parisienses uma nova orientação. A tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, ligada à insurreição dos artesãos do subúrbio Saint-Antoine, é a primeira etapa disso. Em 15 de julho de 1789, o astrónomo Jean Sylvain Bailly recebe no Hôtel de Ville o cargo de primeiro prefeito de Paris. Em 5 de outubro, um levante desencadeado pelas mulheres nos mercados parisienses chega a Versalhes ao anoitecer. Às 6 da manhã, o castelo é invadido e o rei é obrigado pelos populares a fazer residência em Paris no Palácio das Tulherias e de lá convocar uma Assembleia constituinte, a qual se instala em 19 de outubro na Salle du Manège das Tulherias.

A queda do Império em 1814-1815 traz a Paris os exércitos ingleses e cossacos que acampam nos Champs-Élysées. Luís XVIII, de retorno do exílio, reentra em Paris, lá faz-se coroar e se instala nas Tulherias. Luís XVIII e Carlos X, e depois ainda a Monarquia de Julho pouco se preocupam pelo urbanismo parisiense. O proletariado trabalhador, em forte expansão, se amontoa miseravelmente nos bairros centrais os quais, com mais de 100 000 habitantes por quilómetro quadrado, constituem severos focos de epidemia; a cólera em 1832 faz 32 000 vítimas. Em 1848, o destino final de 80 % dos mortos é uma fossa comum, e dois terços dos parisienses são pobres demais para pagar impostos. A massa empobrecida do povo, negligenciada e desgastada, está no clima ideal para repetidas revoltas que o governo não consegue nem prever, nem vencer: as barricadas causam primeiro a queda de Carlos X durante as Revoluções de 1830 e depois a de Luís-Filipe em 1848. A sociedade da época é abundantemente descrita por Balzac, Victor Hugo e Eugène Sue.

Durante a Belle Époque, a expansão económica de Paris é significativa; em 1913 a cidade possui cem mil empresas que empregam um milhão de trabalhadores. Entre 1900 e 1913, 175 cinemas são criados em Paris, numerosas lojas de departamentos nascem e contribuem para o engrandecimento da cidade luz. Duas exposições universais deixam uma grande marca sobre a cidade. A Torre Eiffel é construída para a Exposição Universal de 1889 (centenário da Revolução Francesa) a qual acolhe 28 milhões de visitantes. A primeira linha do Metropolitano de Paris, o Grand Palais, o Petit Palais e a Ponte Alexandre III são inaugurados à ocasião da Exposição de 1900, a qual recebe cinquenta-e-três milhões de visitantes.

Em 1956, Paris se liga a Roma por um laço privilegiado, um forte símbolo da dinâmica de de reconciliação e de cooperação após a Segunda Guerra Mundial. Sob o mandato do general de Gaulle de 1958 a 1969, vários eventos políticos se desenrolam na capital. A 17 de outubro de 1961, uma manifestação em favor da independência da Argélia é violentamente reprimida. Segundo as estimativas, entre 32 e 325 pessoas são massacradas pela polícia, então dirigida por Maurice Papon. A partir de 22 de março de 1968, um importante movimento estudantil surge na Universidade de Nanterre. Ao chegar no quartier latin as manifestações se degeneram em violência.

A contestação, tomando forma em um contexto de solidariedade internacional e de emulação (negros e feministas americanos, os 'provos' holandeses, a Primavera de Praga, o atentado contra o alemão Rudi Dutschke, etc.) entre idealistas e jovens, embalada por Bob Dylan e sua canção The Times They Are a-Changin', desejando 'mudar o mundo', se desenvolve rapidamente numa crise política e social nacional. Em 13 de maio, uma imensa marcha popular ajunta 800 000 pessoas em protesto contra a violência policial. Em 30 de maio, uma manifestação de suporte ao governo e ao General de Gaulle reúne um milhão de pessoas, entre a Place de l'Étoile até a Place de la Concorde. Após dois meses de desordem e tumulto, os parisienses votam massivemente em favor do general de Gaulle nas eleições legislativas e a calma retorna.

Fonte: Wikipédia

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