Ciclo do Gado - Foto: Sanderlei |
Há correntes teóricas que afirmam, no entanto, que no estado de Mato Grosso do Sul nunca houve um fim ao Ciclo do Gado, sendo o Ciclo da Erva-Mate um aspecto momentâneo e localizado da economia, portanto, um ciclo menor quando comparado ao outro, que já duraria duzentos anos.
O Ciclo do Gado teve início quando, no final do século XVIII, o fim do Ciclo do Ouro levou a uma crise econômica nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Segundo relatos em primeira pessoa daqueles que estiveram presentes nessas províncias na primeira década do século XIX, a situação era de convulsão social e de pobreza absoluta em cidades quase fantasmas. Ainda nas primeiras décadas do século XIX, entretanto, Minas Gerais conseguiu expandir o terceiro setor de sua economia, ampliando suas trocas comerciais com províncias como o Rio de Janeiro, e extraindo novos metais de seu quadrilátero ferrífero.
Já os estados de Goiás e Mato Grosso não foram capazes de expandir outros setores de sua economia, tendo havido um processo de ruralização. Passaram a fornecer, desta maneira, gado para a província de São Paulo através do intermédio da província de Minas Gerais.
Mesmo quanto à ocupação do leste sul-matogrossense pelos Garcia Leal e seus agregados e do centro sul-matogrossense pelos Lopes, a expansão dos currais de gado foi um fator determinante. De fato, a região sofreu com a Guerra do Paraguai, sobretudo devido a doenças. Mas, vale lembrar que o leste sul-matogrossense foi a única área do atual estado que nunca foi abandonada durante a guerra. Assim, rapidamente recuperada após o conflito, essa frente colonizadora logo se expandiu ao sul, oeste e norte. Foi com a chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil pela cidade de Três Lagoas, no início do século XX, que o Ciclo do Gado retomou significação financeira local e nacional.