uraco das Araras - Foto: Reprodução Trilhas e Aventuras |
Passeio contemplativo, com duração aproximada de 01 hora. Caminhada leve por aproximadamente 970 metros, ao redor de uma dolina (formação geológica), com duas paradas para observação e contemplação em dois mirantes. Os grupos são de no máximo 10 pessoas, sempre acompanhados por um guia de turismo ou monitor ambiental local. Formação geológica resultante do desmoronamento de blocos rochosos criando esta enorme cavidade: são 500 metros de circunferência e 100 metros de profundidade. No fundo do buraco, uma lagoa de água esverdeada, rodeada por mata exuberante, abriga jacarés cuja sobrevivência permanece um misterio. Além deles e das araras, mamíferos como tatu, o tamanduá, o quati, o lobinho e outras 130 espécies de aves, imcluindo curicacas e tucanos, escolheram o lugar para viver.
A vocação para o turismo ficava evidente a cada novo curso de capacitação que os proprietários faziam e a cada nova melhoria implantada na área. Além da Licença Ambiental de Operação Turística, em 2000 o Buraco das Araras participou do Encontro para Regulamentação do Uso Turístico das Cavernas (e outras cavidades naturais) do Planalto da Bodoquena, promovido pelo CECAV/IBAMA em Bonito. Diversas medidas de conservação foram discutidas durante o evento, e a partir de então aconteceram várias melhorias em sua estrutura para se adequar à legislação ambiental.
Destacam-se a recuperação da vegetação quase integral da Fazenda Alegria, a alteração no traçado da trilha, o novo receptivo a uma distância maior da dolina, adoção de intervalo controlado de tempo para os grupos visitarem o local e treinamento de guias e monitores. Nos anos seguintes, já considerado um destino consagrado de turismo e também um exemplo de conservação ambiental na região, os proprietários sentiram a necessidade de perpetuar a conservação do Buraco das Araras, e então criaram a Reserva Particular do Patrimônio Natural Buraco das Araras em 11 de abril de 2007, tornando os 29 ha ao redor da dolina protegidos para sempre.
A história do Buraco das Araras se perde na memória e na cultura regional. Embora já fosse conhecido há muito tempo pelos antigos habitantes da região, o primeiro registro oficial de sua existência aconteceu apenas em 1912, pelo peão Antonio Amaro de Oliveira. Ele e mais alguns companheiros de campo faziam seu trabalho rotineiro de manejo de gado na Fazenda Costa Rica, que naquele tempo ficava no distrito de Bela Vista, no antigo Estado do Mato Grosso (hoje essa região pertence ao município de Jardim, em Mato Grosso do Sul).
Os homens perceberam que muitas araras voavam próximas a um grande capão de mata, e resolveram ver o que tinha lá no meio. Foi quando, ao invés de mato fechado, encontraram um imenso buracão escondido na vegetação. Devido à presença das araras, esse lugar passou a ser chamado de “Buraco das Araras”, e assim é conhecido até hoje. Dá pra imaginar como o antigo dono da Fazenda Costa Rica não gostou nada da novidade, com medo de que gado e cavalos pudessem cair no buraco. A solução foi deixá-lo de fora das fazendas, criando parte de um corredor de circulação (antiga estrada) entre as propriedades. Nesse tempo, algumas pessoas visitavam o lugar, curiosas com seu tamanho e com as araras voando ali dentro. Mas logo um uso mais nefasto foi dado ao local.
Algumas pessoas se deram conta de que a imensa dolina era um ótimo lugar para se eliminar desafetos, jogando seus inimigos lá dentro para que morressem e nunca fossem encontrados, tornando o Buraco das Araras um verdadeiro “cemitério ao ar livre”. Conta-se que muitos ladrões de gado, amantes descobertos e gente que sabia demais sobre algum segredo eram levadas para lá a mando de fazendeiros, capatazes, políticos e também bandoleiros, sendo o mais famoso Silvino Jacques. Suas histórias são muito conhecidas na região, entre elas o método de mandar os condenados correrem para escapar dos tiros sem saber que estavam correndo para o abismo fatal.
Fonte: www.buracodasararas.com.br